Estrategicamente amparado pelo Palácio do Planalto e " fabricado" para ser visto por pelo menos 20 milhões de espectadores , "Lula, o Filho do Brasil", o filme mais caro produzido até hoje no país - custou R$ 40 milhões incluindo farta publicidade e confecção de 430 cópias - fracassou miseravelmente. Ao saber disso, Lula ficou "desapontado", pois contava com o êxito do filme para arrumar votos e eleger Dilma Rousseff - ex-terrorista e assaltante de bancos - à presidência da República. Em São Paulo, principal mercado exibidor do país, o filme de Lula conseguiu pouco mais de 100 mil espectadores na sua segunda semana de exibição - só para comparar : o desenho animado "Alvim e os Esquilos", produção de segunda linha americana, vendeu 640 mil ingressos vendidos). Na terceira semana de exibição, em circuito nacional, a freqüência média do filme caiu 70% . Numa sala da Zona Sul do Rio, na última sessão de uma sexta-feira - horário considerado nobre - A platéia contou com 17 corajosos , que mesmo assim mostravam-se entediados. Antes do letreiro "Fim", uns cinco espectadores, mais hostis, simplesmente abandonaram a sala de projeção, entre apupos e imprecações. Por que o filme de Lula, mesmo com a milionária campanha de marketing e massacrantes chamadas na televisão, além do intenso noticiário da mídia amiga e o apoio milionário das centrais sindicais, fracassou a olhos vistos?
Em primeiro lugar porque é um filme pesado, "bore" - como diria Pauline Kael. Seu roteiro, caminha aos saltos e carece de uma estrutura dramática eficiente, capaz de envolver o espectador. Seus articuladores, movidos pela insensatez, pretendendo compor um ambicioso painel da vida do "cinebiografado", estraçalharam as etapas de apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho da narrativa em função de uma montagem que suprime, com isso, a integridade e clareza da história. Como foi feito numa dramaturgia capenga, o filme de Lula corre por conta de situações dramáticas apenas esboçadas e, ao modo de um relatório previsível, materializa-se como peça de ilustração - ilustração chata e pouco convincente diga-se de passagem. Mas a razão primeira pela qual o filme de Lula fracassa é porque do início ao fim, é baseado em mentiras. Basicamente tudo que nele é exposto tem tom autocomplacente . Denise Paraná - Paga pela Fundação Perseu Abramo que é do PT - mostra os relatos da ascendência de Lula na vida sindical de um jeito dissimulado e inconveniente sem contar com a clara intenção de se fabricar a imagem do herói predestinado que se fez presidente. Como o filme não tem senso de humor, e na verdade nenhum senso, o ponto de partida objetivado é comover o espectador pela exploração emotiva. Por exemplo, a cabritinha traçada por Lula na infância, conforme seu relato à "Playboy", fica de fora. Como de fora fica o episódio marcante em que Vavá, o irmão mais velho de Lula, rouba mortadela para matar a fome da família . Por sua vez, na ânsia de soterrar a moral de botequim que norteia o personagem, o filme subtraí a cena em que o futuro líder sindical, depois de pedir ao patrão para fazer algumas horas extras na oficina, enfia o dinheiro pago no bolso e, fugindo do trabalho, manda o patrão "tomar no...". Ficou ausente da narrativa, não por acaso, o relato crucial da enfermeira Miriam Cordeiro, ex-mulher do santificado sindicalista, que o trata abertamente de "canalha" em depoimento ao "Estado de São Paulo",tendo em vista a discriminação exercida por ele contra a filha Lurian, cuja vida, anos antes, "queria ver abortada". Para enganar a audiência, nenhuma peça publicitária sequer menciona o papel dos cursilhos comunistas - ensinados na Alemanha Oriental - na formação ideológica do sindicalista empenhado em fomentar o ódio de classe. Por outro lado, com o firme propósito de inserir " na marra " o mito do líder carismático, pleno de virtudes, o filme esconde as relações promíscuas de Lula com Murilo Macedo, o ministro do Trabalho com quem enchia a cara de cachaça num sítio de Atibaia, interior de São Paulo, na tentativa de morder a grana fácil da "ditadura militar". Mas o pior é que o filme esconde do espectador que a liderança de Lula no movimento sindical emerge da infiltração dos apóstatas da "teologia da libertação", aliados do terrorismo rural e urbano financiado por Fidel Castro, tudp isso somado à ação dos ativistas radicais banidos da vida política e dos marxistas da USP que são na prática os reais fundadores do Partido dos Trabalhadores. Não parece estranho que tenha sido eliminado do filme a figura subversiva do "Frei" Betto, o mentor ideológico do maleável líder sindical? Por incrível que pareça, há no filme de Lula dois personagens que são responsáveis pelos raros momentos em que o filme anda e adquire verossimilhança. São eles: Aristides , o pai alcoólatra de quem Lula reconhece ter "herdado o lado ruim", e Feitosa , na vida real Paulo Vidal, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, hábil precursor do "sindicalismo de resultados", de quem o Lula operário tudo absorveu em matéria de malandragem e, depois, já contando com o apoio e as instruções das facções vermelhas, traiu. São personagens episódicos, mas funcionais, visto que representam de alguma forma presenças antagônicas, sem as quais não há vestígio de dramaturgia. Já a personagem de D. Lindu - Gloria Pires - de quem muito se esperava, opera convencionalmente, proferindo sentenças prosaicas como é de se esperar de uma figura materna - Segundo Frei Chico - o filho mais velho - negligenciada pela eterna ausência do amado líder sindical. Resumindo : em vez de uma cinebiografia contraditória e humana, temos no filme de Lula uma aula de como se tenta construir um mito. Nele, o personagem é visto como um ser perfeito e predestinado - logo ele, grosseiro e vulgar, desprovido de qualquer tipo de grandeza, a não ser a de montar e dar manutenção a mentiras em função do poder. Nem Stalin, o monstruoso fabricante de si mesmo, conseguiu isso. Então, o que restará do filme de Lula ? Com o dinheiro fácil do governo, tentará cumprir a sua missão como peça de propaganda enganosa na agenda eleitoral de 2010. No Sul do país, as centrais sindicais estão distribuindo milhões de ingressos entre os seus filiados, ao mesmo em que fornecem sanduíche, refrigerantes e serviço de transporte gratuito aos eventuais " cumpanheros " que se disponham a ver a peça de louvação. No Nordeste, fala-se na contratação de unidades móveis de exibição para percorrer centenas de cidades do interior que ainda não possuem salas de projeção. São gastos adicionais que os mentores (públicos e privados) do projeto não abrem mão na esperança de que as populações miseráveis testemunhem o florescer da Virtude em pessoa. Inútil pois, como dizia Joãozinho Trinta : " Quem gosta de miséria e dela se beneficia são os intelectuais de esquerda. Pobre ou operário só quer luxo e riqueza.
P.S. - Visto como espetáculo soa como desperdício que "Lula, o Filho do Brasil", o "bom negócio" da LC Barreto, tenha custado em torno de R$ 20 milhões, até a 1ª cópia. É muita grana! Um produtor eficiente teria chegado a resultado idêntico com pouco mais de R$ 2 milhões.
Via e-mail pelo Ivo Zortea.